sábado, 19 de dezembro de 2009

Fim de ano

Fim de ano. Fim de muitas coisas.
Uma das muitas formas de marcar o tempo.
O tempo de objetivos traçados no início,
muitos concluídos, outros tantos que ficaram pelo caminho.

Um círculo que se fecha.
Agora as pessoas se encontram, festejam, esqueçem ...
A vida ganha novos contornos e está grávida de um novo tempo.
Ano novo. Novos planos, objetivos e caminhada que continua.

Muitos projetos sepultados retornarão do túmulo, outros serão traçados.
E a vida continua. Desenrola seu fino fio, que se enrosca com outros de outras vidas.
Assim o tempo vai sendo marcado, submerso na inconstância, na busca das ausências.

O coração continua batendo, alimentado pela memória de coisas e pessoas inesquecíveis.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Minha Tia-avó

Hoje recebi um telefonema de minha mãe. Como sempre, pedi sua benção e conversamos várias coisas. Já faz algum tempo que não vou em casa. Colocamos a conversa em dia. Soube dos amigos que perguntam quando vou em casa, de como meus sobrinhos estão crescendo e tornando-se pessoas de bem e também tive notícias das demais pessoas de minha família.

Minha avó, que também é minha madrinha, esteve visitando minha mãe, perguntou por mim, mandou um abraço e pediu pra me avisar que tenho de ir visitá-la, pois também já faz tempo que não a vejo.  Em meio as conversas minha mãe tinha também a tarefa de comunicar um fato triste, o falecimento de minha tia-avó. Ela morava em Governador Valadares, minha terra natal. Lá viveu sua vida com muita dificuldade, constituiu família e deu um belo exemplo de vida. Pois é, raramente tenho notícias de que alguém da família tenha falecido. Quando isso ocorre eu e minha mãe costumamos lembrar de como foi a vida dessa pessoa. Pode parecer estranho, mas, por outro lado, é interessante, pois cada história de vida contém elementos importantes para a gente definir como será a nossa. Serve para a gente decidir de que forma quer ser lembrado depois de partir e qual legado deixaremos para as pessoas que conhecemos nessa caminhada tão efêmera.

A história dela é muito interessante. Começou a trabalhar muito nova. A família não tinha muitas posses. Trabalhou como doméstica e babá. Minha tia-avó tinha o coração muito grande, cabia todo mundo dentro dele. Na última casa em que trabalhou  havia crianças muito pequenas. No seu ofício cuidava dessas crianças como se fossem seus filhos. Dispensava muita atenção e carinho a cada uma delas.

Em certa ocasião, na casa onde minha tia trabalhava, caiu um tristeza muito grande, a mãe dessas crianças faleceu deixando os filhos muito pequenos. Mediante o ocorrido a casa ficara somente com o pai e os filhos pequenos. O pai de minha tia tomou um decisão: não permitiria que ela continuasse a trabalhar em uma casa onde não houvesse uma mulher. Ele estava preocupado com a reputação dela. Imaginem, uma moça de família trabalhando em uma casa onde só havia o pai com seus filhos pequenos.

Minha tia, como tinha o coração enorme, tomou sua decisão: não deixaria que as crianças, que já sofriam com a perda da mãe, sofrerem também com sua saída da casa. Ela e o pai das crianças decidiram se casar, pois assim ela não precisaria deixar a crianças e também apaziguaria os ânimos de meu bisavô. Assim, ela o fez, viveu uma vida de muita luta, criou os filhos herdados com o casamento e teve outros também. No final das contas conseguiu vê-los tornarem-se adultos, trilhar seus caminhos e ocuparem seu lugar nesta vida.

Em seu velório, estavam todos lá, os filhos que ela adotou e os que teve. Irmanados colocaram uma coroa de flores belíssima onde constavam os seguintes dizeres: "Saudades eternas e profunda gratidão de seus dezoito filhos". Pois é, minha tia partiu dessa vida de deixou um belo exemplo de dedicação e amor ao próximo. Coisas que andam sumidas hoje em dia.

Convivi pouco com ela, mesmo assim, não deixo de admirá-la e agradeço a Deus o privilégio de contar, dentre aqueles que carregam meu sangue, com uma pessoa tão especial. Seu exemplo não será esquecido. Vai me inspirar nos momentos em que estiver prestes a sucumbir à tentação de pensar somente em mim mesmo e não estender a mão a quem precisar de minha ajuda.

Valeu Tia! Que Deus a acolha contente por seus méritos.  

Caro amigo,

Seja bem-vindo! Este é um espaço destinado à reflexões diversas, de maneira especial de humanidades